Carioca, nascido em 1949 no bairro de São Cristóvão, casado com a médica Maria de Fátima Pinheiro, dois filhos e dois netos, o médico-pediatra Paulo Pinheiro formou-se após cursar seis anos na Faculdade de Ciências Médicas da UEG (atual UERJ). Concluiu a pós-graduação em Pediatria da PUC na Policlínica de Botafogo, com o Professor Álvaro Aguiar, e tem os títulos de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e de Administração Hospitalar pela UERJ. (Continua)

3 de mar. de 2008

SUS x SAÚDE SUPLEMENTAR


Quem se dispõe a ajudá-los?

No início do novo século, no auge do desenvolvimento tecnológico e sob a ótica da globalização mundial, vivemos no Brasil um terrível paradoxo. A insegurança quanto aos serviços de saúde oferecidos, tanto na rede pública quanto na rede privada.

Convivemos com dois sistemas de saúde. Um deles, o SUS, deveria ser o responsável pela preservação da saúde e pela assistência a 130 milhões de brasileiros. Um diagnóstico sobre este sistema nos mostra que ele sofre de falência múltipla dos órgãos. Para tentar salvá-lo deverão ser gastos, este ano, mais de R$ 30 bilhões. Ficando no ar, ainda, a extensão das seqüelas resultantes dos tratamentos deixados pelas administrações anteriores.

O outro sistema que deveria atender satisfatoriamente a mais de 40 milhões de brasileiros está neste momento conseguindo desagradar a todos os seus componentes, apesar de gastar mais de R$ 25 bilhões por ano. Este sistema, denominado de Saúde Suplementar, encontra-se, neste momento, internado numa UTI, enfrentando uma "parada cardíaca" que parece irreversível, se medidas providenciais não forem tomadas.

Este sistema, que foi criado para ser mais uma opção do cidadão, parece que hoje, pelo menos na ótica dos marqueteiros, veio mesmo para substituir o outro que, como costumam dizer· os vendedores de planos de saúde, não funciona. Será que com esta interpretação a saúde suplementar funcionará?

Entendemos que é urgentíssimo rediscutir com os vendedores, executores, financiadores e sociedade o que significa um plano de saúde.

Será que todos sabem, ou acreditam, que um sistema de saúde com mais de duas mil operadoras, que cobrem 40 milhões de usuários, terá viabilidade para quase 80% de empresas que têm um número de beneficiários muito baixo?

Será que estas empresas (80% do total em atividade) têm o direito de continuar dizendo ao cidadão desinformado, que migra do sistema público para o suplementar, que vai oferecer a ele e à família dele consultas, exames e internações pelos míseros 20 e poucos reais que constam nos anúncios de jornais?

Como discutir com os prestadores deste sistema o excessivo número de consultas e exames que continuam inviabilizando a relação com as operadoras, se são exatamente elas (as operadoras) que, para melhorar o seu nicho de mercado, patrocinam farta propaganda na mídia, mostrando que seus produtos são os melhores porque oferecem os exames mais sofisticados e hospitais que são verdadeiros hotéis cinco estrelas. Quem vai acreditar em quem?

O diagnóstico atual é, no mínimo, sombrio. No município do Rio de Janeiro, onde vivem, aproximadamente, 6 milhões de cariocas, 54% deles são beneficiários de algum plano de saúde. Entretanto, não chega a este percentual o volume de usuários satisfeitos com o produto comprado.

Todos os atores deste sistema estão insatisfeitos. Uns porque a lucratividade caiu; outros porque os serviços oferecidos são muito diferentes daqueles que foram anunciados pelos "vendedores de ilusões"; e há, ainda, aqueles que, alijados de qualquer política de reajustes são obrigados a viver num sistema onde parece que não há inflação e, assim, os seus honorários estão defasados.

Cientes da grave situação que atravessam todos estes brasileiros, optamos por criar um espaço público para a discussão dos problemas e para o encaminhamento mais rápido de propostas de soluções para as autoridades que têm a obrigação de decidir os impasses.

Criamos, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, uma Comissão Especial de Saúde Suplementar que está pronta para receber sugestões ou propostas para encaminhamento à ANS, com o intuito de agilizar a viabilização de soluções para o sistema.

Desde já, colocamos o nosso e-mail (pinheirosaude@gmail.com) à disposição daqueles que desejarem ajudar, enviando sugestões e propostas.

Não temos dúvidas de que serão necessárias alterações urgentes no sistema, mas temos a certeza de que elas devem ser propostas pelos profissionais que atuam e conhecem o setor.

Vamos tentar evitar que esta "parada cardíaca" se tome irreversível.

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