Carioca, nascido em 1949 no bairro de São Cristóvão, casado com a médica Maria de Fátima Pinheiro, dois filhos e dois netos, o médico-pediatra Paulo Pinheiro formou-se após cursar seis anos na Faculdade de Ciências Médicas da UEG (atual UERJ). Concluiu a pós-graduação em Pediatria da PUC na Policlínica de Botafogo, com o Professor Álvaro Aguiar, e tem os títulos de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e de Administração Hospitalar pela UERJ. (Continua)

28 de abr. de 2008

Aproveito para publicar aqui no blog um artigo que escrevi para o jornal "Portugal em Foco", que será publicado na próxima quinta feira, dia 01/05.



UM RIO SEM SAÚDE: ATÉ QUANDO?

E no Rio de Janeiro...

Hospitais têm recorde de jovens baleados.
Em 2008 vivemos a maior epidemia de dengue da nossa história.
Campeão brasileiro de tuberculose.
Líder nacional de mortalidade materna.
Altas taxas de hanseníase.
Elevadíssima incidência de gravidez na adolescência.
A capital com a menor cobertura do programa de saúde da família.

Estas são algumas das manchetes que freqüentam os noticiários dos jornais, rádios e televisões da cidade, em pleno século XXI. Entretanto, somos surpreendidos com um outro conjunto de informações oficiais: ao mesmo tempo encontramos aqui o maior número de hospitais públicos do Brasil, bem como o maior número de instituições públicas de ensino e pesquisa em saúde. No Rio de Janeiro trabalham hoje mais de 70.000 médicos. No Rio de Janeiro, 49 % dos seis milhões de habitantes são usuários de planos ou seguros de saúde suplementar.
Quais as explicações para discrepâncias tão grandes em relação à saúde na capital cultural do Brasil? Como mudar este quadro?
O que enfrentamos hoje no RJ é um gravíssimo problema de gestão na área de saúde. As três esferas de governo não se entendem, insistem em infrutíferas retaliações e cada uma delas acaba por não cumprir o seu papel. O resultado é este que estamos assistindo na atual epidemia de dengue: uma enorme inoperância administrativa.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, responsável pela atenção básica, não executa a sua função e, conseqüentemente, a rede de postos de saúde não apresenta a resolutividade necessária. Além disso, o atual prefeito não acredita no Programa de Saúde da Família, o que faz com que tenhamos uma cobertura ridícula (menos de 8%). Desta forma podemos entender porque existem tantas pessoas na porta dos hospitais de emergência.
Precisamos que a saúde municipal se articule melhor com a estadual e com o Ministério da Saúde, e que as três instâncias de Poder possam articuladamente enfrentar os gravíssimos problemas que estão diagnosticados no início deste artigo. Além disso, é preciso dar um choque de gestão na administração municipal, tanto na saúde como na educação, no meio ambiente ou na ordem urbana. É urgente que se acabe com a política de "capitanias hereditárias” que se instalou na administração municipal do Rio.
Não tenho dúvidas de que nossos funcionários municipais são os melhores na administração pública do estado. Com isso, não precisaríamos ter os principais cargos comissionados de comando da máquina administrativa ocupados por indicações políticas, mas sim por mérito de servidores públicos que saberão utilizar as mais modernas ferramentas administrativas, tanto na saúde como em outras áreas. Não precisamos de tantos filhos substituindo seus pais.
Tenho esperanças de que dias melhores estão por chegar para o nosso município. Chega de perder a batalha para o mosquito!

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