Carioca, nascido em 1949 no bairro de São Cristóvão, casado com a médica Maria de Fátima Pinheiro, dois filhos e dois netos, o médico-pediatra Paulo Pinheiro formou-se após cursar seis anos na Faculdade de Ciências Médicas da UEG (atual UERJ). Concluiu a pós-graduação em Pediatria da PUC na Policlínica de Botafogo, com o Professor Álvaro Aguiar, e tem os títulos de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e de Administração Hospitalar pela UERJ. (Continua)

13 de fev. de 2010

Nossos magnatas

Enfim apareceram os "investidores" do Metrô. Seu representante veio a público para dizer que dinheiro não é o problema.

Desde a inauguração (1979) até 1997, o metrô do Rio era um serviço público. Depois foi privatizado. O problema, que antes era de investimento, agora - pelas palavras do seu controlador - não é mais. Segundo ele, dinheiro há!

Mas se não é dinheiro, o problema só pode ser de incompetência. Em administração - seja pública ou privada - se existem os recursos necessários e não se alcança resultados é porque esses recursos não foram aplicados de forma competente.

Então pergunto se o amigo leitor lembra da pergunta que fiz no último post em que falei do metrô? Se não lembra, peço licença para reescrever:

"Mas convido o leitor a fazer um exercício de imaginação. Imagine-se um magnata do ramo de transportes, alguém com experiência no negócio. Após isso reflita: você investiria seu dinheiro em uma empresa que tem problemas crônicos, reiteradamente denunciados pela mídia e que utiliza artifícios políticos para impedir atos de transparência?"

Me dei ao trabalho de fazer uma pequena pesquisa no Google (ah o Google...sempre ele!) sobre esses “magnatas” e conclui que o problema é maior ainda. Digo isso porque o controle acionário da Metrô Rio foi adquirido por fundos de pensão, encabeçados pela Previ e pela Funcef, no final de 2008. Isso está na revista PREVI n. 139 de 2009. A transação foi referendada pelo Governo do Estado e passou a valer em março de 2009.

Ah, os aposentados do BB e da Caixa, são eles os magnatas! Será que esses danados andam por aí de fraque e cartola, saltando baforadas de legítimos Habanos? Seriam eles as aves de rapina do mercado?

Sei não... acho que está mais para um mico-preto que enfiaram goela abaixo dos velhinhos. E isso logo no Governo do Cabral, que sempre teve grande votação junto ao pessoal da terceira idade.

O pessoal estava lá, uns jogando dama na praça, outros na casinha de praia em Cabo-Frio ou Araruama, enquanto seus representantes pagavam 1 bilhão para fechar o negócio. Entre um jogo de bocha e uma partida de buraco, adquiriam uma companhia prestes a aumentar muito o volume de passageiros, com aumento do número de estações e novos serviços (ligação direta entre pavuna- botafogo).

Num primeiro momento parecia um negócio tentador: a compra de uma empresa concessionária de serviços públicos em vias de aumentar o número de clientes...mas será que eles se preocuparam sobre o impacto do crescimento projetado? Será que quiseram saber se a agência reguladora (AGETRANSP) tinha feito (fez ou não fez?! Até hoje não sei...) um estudo sobre o impacto dessas mudanças?

A partir disso pude interpretar um pouco melhor o que o Presidente da Alerj quis dizer ao falar que os “investidores” do metrô se sentiriam inseguros com uma CPI. Talvez estivesse pensando nisso. Talvez tenha pensado nas perguntas que os representantes desses “investidores” esqueceram de fazer antes de fechar o negócio. Se for isso, realmente será melhor para os “investidores” que não haja CPI.

No meio disso tudo só acho engraçado que os maiores problemas tenham começado justamente depois que o controle foi assumido pelos intrépidos velhinhos...

Mas isso é só um exercício de imaginação a partir da ligação de fatos. Só os “investidores” podem dizer por que não querem a CPI ou por que se sentem inseguros com ela. O que está claro, porém, é que se gastou muito dinheiro para as novas estações - inaugurações pirotécnicas, com show de luzes e um presidente ponto G - mas os investimentos em serviço - trens, atendimento ao usuário, valorização de funcionários, manutenção, etc... - foram desproporcionais.

Além disso, parece evidente que tais investimentos equivocados foram feitos antes da alienação do controle, deixando a sensação de que os aposentados ficaram “pendurados na brocha” depois que fecharam a operação... não sei o nome do escritório de advocacia que assessorou o negócio, mas tremo só de imaginar. Espero não ter outra decepção.

Em síntese o que posso pensar: esses incríveis velhinhos - grandes "investidores" - entraram nessa partida de buraco, bateram achando que iam fazer uma canastra real com o morto. Mas o jogo era de poker e para pingar tiveram que colocar 1 bi. Um delírio!

De qualquer forma, não há dúvida que a CPI ajudaria esses incríveis “investidores” a sair do buraco do Metrô.

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