Carioca, nascido em 1949 no bairro de São Cristóvão, casado com a médica Maria de Fátima Pinheiro, dois filhos e dois netos, o médico-pediatra Paulo Pinheiro formou-se após cursar seis anos na Faculdade de Ciências Médicas da UEG (atual UERJ). Concluiu a pós-graduação em Pediatria da PUC na Policlínica de Botafogo, com o Professor Álvaro Aguiar, e tem os títulos de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e de Administração Hospitalar pela UERJ. (Continua)

9 de abr. de 2008

No Rio de Janeiro a dengue mata!

Parece inaceitável, mas em pleno século 21, na capital cultural do país, onde Oswaldo cruz, desprovido de computadores e telefones celulares, conseguiu vencer o Aedes Aegyptys, fomos vencidos pelo mosquito da dengue. As autoridades da saúde não conseguiram matar o mosquito, nem evitar a morte de dezenas de pessoas. O inseto parece mais forte do que a máquina federal, composta pelo PT, PMDB, PR, PDT, PC do B, entre outros. Também encarou e venceu a máquina municipal do DEM, do prefeito César Maia. Passou voando pela máquina estadual do governador Sergio Cabral.

Mas por que será que, tanto no Mato Grosso, quanto em Niterói, a dengue foi vencida? O que acontece com a capital cultural do país? Por que somos campeões nacionais da dengue, tuberculose e da mortalidade materna? Será azar? Ou incompetência?

A resposta estará ao alcance de todos que souberem que o Rio de Janeiro tem a maior capacidade instalada na rede publica hospitalar do país. São dezenas de unidades de saúde herdadas da velha capital da república, que hoje estão ligadas aos governos federal, estadual e municipal. Apesar disso, temos uma das piores coberturas na atenção básica, ou seja: os centros e postos de saúde são insuficientes. Deveríamos ter em funcionamento 300 unidades básicas de saúde, mas infelizmente, existem pouco mais de 140. Este baixo número associado à falta de médicos, equipamentos e material, torna a resolutividade da atenção básica irrisória. Além disso, somos a capital brasileira com a menor cobertura do Programa de Saúde da Família. Deveríamos ter em funcionamento pelo menos 500 equipes do programa, mas dispomos apenas de 148.

Dados como estes explicam porque uma mulher grávida encontra tanta dificuldade ao procurar um posto de saúde para fazer o pré-natal, ou por que a mãe que tenta acompanhar a saúde do filho não consegue um pediatra. O cidadão carioca simplesmente não acredita que conseguirá atendimento nos postos de saúde, e logo procura os hospitais de emergência. Agora, na epidemia de dengue, não poderia ser diferente: perto de casa, não há o médico de família; no Posto de Saúde, não há pediatras ou clínicos em número suficiente. O que fazer? Corre-se para as emergências abarrotadas.

Além do caos na assistência, o poder público não foi responsável o suficiente para atacar e exterminar o "trio" ovo, larva e mosquito. Muito pelo contrário, acabou atacado pelo inseto, que por sua vez, deitou e rolou: aproveitou-se as propícias condições oferecidas pelas autoridades e tomou conta da nossa cidade e de seus habitantes.

A população deve ficar atenta dia e noite, sete dias por semana, sem trégua. temos que cobrar das autoridades todo o trabalho que não foi feito. a política pública deve ser repensada, com uma maior atenção para a rede básica. Novos Postos de Saúde precisam ser criados, sem esquecer de dar aos antigos as condições necessárias de funcionamento, com pediatras, clínicos, exames laboratoriais e de imagens, medicamentos e metas a cumprir. investir, sem mentiras ou desculpas, no programa de saúde da família também é imprescindível, já que são necessárias 150 novas equipes para que a população de risco fique segura, com atendimento perto de casa. Com estas medidas, poderíamos mudar a qualidade da saúde pública do Rio de Janeiro.

Nenhum comentário: